Pedro e Carol: O Conto - Último Capítulo
Duas semanas tinham passado e a
Carol continuava sentindo os efeitos daquele artigo no seu dia-a-dia. A
confiança, a certeza de que estava agindo corretamente e que confiar em Deus
era a melhor escolha.
Quanto ao Pedro, desde o último encontro, eles
não se falaram tanto. Ele sabia que aquele “climão” era o fator principal de
tudo isso mas mentia para si mesmo. Dizia que era culpa da correria do
dia-a-dia, do mestrado da Carol, do seu trabalho... Seu telefone tocou e era a
Carol.
-
A-alô.
-
Oi, Pedro. Tudo bem?
-
Tudo. Há quanto tempo, não é?
-
É. Você sumiu. Tô ligando pra saber como você está, pra conversar um pouco.
-
É... estou bem, Carol. Mas não vou poder conversar muito. Tem um amigo meu se
mudando pra o prédio e preciso acelerar umas coisas aqui pois vou ajudá-lo na
mudança.
-
Ah, tudo bem, então. Assim que puder, me liga. E, deseje boas vindas ao seu
amigo.
-
Tudo bem, eu ligo. E pode deixar que eu dou o recado a ele. Até mais, Carol.
- Tchau, Pedro!
E, mais uma vez, lá estava a Carol triste e com
a sensação de que não devia ter ligado. “Mas eu só queria saber como ele
estava. Pessoas normais fazem isso”, “Ah, mas eu não devia ter ligado! Estou
arrependida”.
Ela ouve a campainha e vai atender a porta. Não
dá pra descrever o susto que ela tomou quando deu de cara com aquele rosto,
aqueles olhos... Parecia brincadeira mas não era.
-
Bom dia, Senhorita.
-
B-bom d-dia. – Ele estende a mão e a comprimenta.
-
Meu nome é Vitor e eu estou me mudando pra cá. Estou procurando o apartamento
de um cara chamado Pedro. É um amigo que ficou de me ajudar com a mudança mas
acho que ele esqueceu e eu não tenho como ligar pra ele porque estou sem
bateria.
-
Não. Ele não esqueceu, acredite. Eu falei com ele agora a pouco e ele comentou
sobre a sua mudança. Bem vindo, Vitor.
-
Só uma curiosidade: nos conhecemos de algum lugar?
-
Talvez. Eu devo ter esbarrado em você pelas ruas da vida. – Carol sorri – Me dá
só um instante que eu vou ligar para o Pedro e te dar notícias dele.
-
Oi, Carol.
-
Pedro, onde você está?
-
Estou chegando no prédio.
-
Pedro, o Vitor está aqui na porta do meu apartamento esperando por você.
-
O VITOR? – Pedro se assusta – O que ele está fazendo aí? Não marcamos às 14:00?
-
Pedro, são 14:25.
-
Nossa! Carol, tem como você deixá-lo esperando aí na sua casa? Eu estou já
chegando. Diga a ele que em cinco minutos eu chego.
-
Ok. Eu digo! E, Pedro.
-
Oi.
-
Lembra de um cara que te falei que esbarrei na rua há uns dias?
-
Sim, lembro!
-
Ele é o cara. E ele me reconheceu.
-
Está de brincadeira, não é?
-
Adoraria estar. Mas não é brincadeira. E logo que abri a porta, a 1ª coisa que
ele fez foi me chamar de Senhorita.
-
Nossa! Que mundo pequeno.
-
É. Mas eu vou indo que ele está plantado na minha porta. Vou deixá-lo entrar e
dar alguma coisa pra ele comer. Não demora!
Ela volta na porta e o deixa entrar. Eles sentam
na mesa, comem e conversam.
-
Ele disse que em cinco minutos chega, Vitor.
-
Ele quis dizer cinco horas. – Ele ri .
-
Ah, sei bem como é.
-
Mas, e então? O que te levou a vir pra cá?
-
Eu gostei do local. Parece ser tranquilo.
-
É... parece! – Carol fala baixinho.
-
O que disse?
-
Ah, nada não! É um bom lugar pra se morar.
-
O Pedro nunca me falou de você...
-
Carol. Carol Pimentel.
-
... Carol. Gostei de ter te conhecido. Espero que tenhamos muitas oportunidades
pra conversar e se conhecer melhor.
“Decepção
total. Ele é lindo, mas como é que está me flertando no primeiro dia que me
conheceu? Ele é maluco? Pedro, onde você está?”.
- Ah, eu não contaria muito com
isso, Vitor. Tenho uma vida um tanto corrida. Estou nos últimos dias de férias
e logo, logo, estou de volta à rotina.
-
Que pena – Ele põe a mão sobre as dela – Eu iria adorar te conhecer melhor.
-
Você vai ter tempo pra isso, Vitor. – Pedro interrompe aparecendo na porta.
-
Ah, Pedro, que bom que você chegou. – Carol fala aliviada, indo abraçá-lo. – E chegou
em cinco minutos exatamente. Pedro abraça Carol, beija a sua testa, cumprimenta
Vitor.
-
E aí, cara!? Foi mal pelo atraso. O trânsito dessa cidade é um caos.
-
Não se preocupe. Está tudo bem! Foi bom porque pude conhecer melhor a Carol.
Ela é adorável.
-
Ah, então já conheceu a minha namorada? – Pedro põe o braço em volta da sua
cintura – Ela é, realmente, uma mulher muito especial.
A
Carol o olha com uma cara estranha, dá um sorriso amarelo e se pergunta:
“NAMORADA? Como assim, namorada?”
-
Ah, sua namorada. – Vitor fala decepcionado – Felicidades.
-
Obrigada. E então? Vamos lá no seu apartamento?
-
Vamos.
-
Até mais, meu amor. – Pedro a beija na cabeça – Mais tarde eu volto para
conversarmos melhor.
-
É. A gente precisa mesmo conversar. –
Carol fala num tom irônico.
-
Tchau, Carol. Foi um prazer.
-
Igualmente, Vitor.
Assim que eles saíram, Carol desabou no sofá com
um sorriso enorme no rosto. Se encolheu, abraçou o travesseiro e comemorou o
“Meu amor” e “Minha Namorada”.
Ela, com certeza, queria que aquilo tudo fosse
verdade. Isso a fez considerar a possibilidade do Pedro estar apaixonado por
ela de verdade. “Ai, que cena linda!”.
A Carol suspirava. Levantou, dançou e cantarolou
sozinha pela sala, sorriu e foi pra o quarto se trocar e escolher uma roupa pra
a hora que o Pedro fosse voltar pra conversarem. Algumas horas depois ele tocou
a campainha.
-
Oi, Moço.
-
Oi. – Ele riu.
-
Entra.
Eles sentam no sofá.
-
E o Vitor?
-
Ah, está lá. Já colocamos muita coisa na casa dele. Alguns caras da empresa que
ele contratou estão terminando de trazer o resto dos móveis.
-
Ele é bem... bem...
-
Bem?
-
Precipitado.
-
Precipitado? Explica.
-
Não. Esqueça!
-
Eu notei que ele tava flertando você. Antes de eu entrar, ouvi ele falando que
queria outras oportunidades pra te conhecer. Se eu soubesse que ele ia agir
assim, nunca teria pedido pra que deixasse ele entrar na sua casa. Desculpa.
-
Tudo bem. Sem problemas. Então foi por isso aquele papo de eu ser sua namorada?
-
Foi. – Ele riu.
-
Mas logo, logo, ele vai descobrir que é uma mentira e...
-
Mas não precisa mais ser mentira.
A Carol gelou. Olhou bem pra ele, respirou fundo
e o Pedro prosseguiu.
-
Carol, eu admito que já adiei isso demais e que não tenho sido homem o
suficiente pra te falar que sou apaixonado por você há anos. Eu quero que me
desculpe por isso. Mais do que me desculpar, eu quero que você case comigo e
seja minha esposa até que a morte nos separe. – O Pedro põe a mão no bolso,
pega uma caixinha azul que a Carol sabia bem o que era.
Carol, põe as duas mãos na boca surpresa.
- Casa comigo, Carol, e prometo dar o máximo
de mim pra que você seja a esposa mais feliz do mundo. Eu vou te amar, cuidar
de você, te respeitar e construir uma família linda. Eu poderia, sim, pedir pra
te namorar mas eu já te conheço o bastante e já deixei muito tempo passar.
- Pedro, e-eu nem sei o que te
dizer.
- Diga que “sim” e do resto
cuido eu. – Os olhos dela se encheram de lágrimas. Não poderia ser mais lindo
que aquilo. Ela havia criado expectativas em cima daquele dia durante anos, mas
todas elas tinham sido superadas.
- Sim! Eu digo “sim, sim e sim”
e quantos “sim” você quiser!
O Pedro era, sem sombra de dúvidas, o cara mais
feliz desse mundo. Demorou, mas não poderia ter sido melhor que isso. Nem se ele
tivesse planejado por meses.
Ele a olha profundamente, põe a mão direita no
seu rosto, desliza-a para a sua nuca e sela esse pedido com um lindo beijo. O
tão esperado beijo!
Não pode acabar assim.
ResponderExcluirQuero a continuação