QUANDO CASAR PASSA | Série: A Noiva
“Quem mexeu nas minhas coisaaaaaaaaas?! Não vejo a hora de ir embora dessa casa!” – Eu gritava aos quatro ventos. Era mais um daqueles dias em que eu teria de enfrentar os meus gigantes. Aqueles que, igual a mim, são filhos primogênitos de vários irmãos, sabem como é a guerra diária por privacidade e pela “propriedade privada” de todos os dias, mas de uma coisa eu não sabia: o problema não estava no tamanho da família que Deus havia me dado, mas nos pecados que residiam no meu coração e eu insistia em não despejá-los.
SÍNDROME DE ADÃO
Finalmente eu havia encontrado o amor da minha vida. Aquele que eu havia tanto pedido a Deus havia aparecido finalmente. No primeiro dia de namoro já queríamos casar! Só falávamos em casamento e eu havia depositado nisso todas as minhas fichas. “Casar vai resolver os meus problemas! Eu não terei mais que limpar bagunça de ninguém, não terei mais que descer da beliche trinta vezes numa noite só pra apagar a luz e fechar a porta do quarto. Não terei mais que procurar meus pentes perdidos e nem ver os meus batons colados na tampa (proeza da irmã caçula)”, pensava eu, aliás, eu iria pra uma casa toda minha, iria fazer Aquela decoração escandinava que eu tanto queria. Lá, eu ia poder sair e chegar confiante de que minhas coisas estariam no mesmo lugar que eu deixei. Era um sonho! Mas não passava disso. Meu coração estava me enganado e eu estava simplesmente arrumando uma desculpa para os meu pecados. Igual a Adão, eu estava agindo como se a culpa dos meus pecados não fosse minha, mas dos outros:
“Então disse Samara: a família que tu me destes, eles me provocaram e eu pequei!” (Gênesis 3.12 parafraseado)
Eu estava culpando o Senhor, afinal, Ele havia escolhido os meus pais, os meus irmãos, a casa que eu moraria e todos os detalhes. Ele havia decretado tudo, havia posto cada detalhe segundo a Sua vontade que sabemos ser boa, perfeita e agradável. E se, de fato, Deus é bom e perfeitos todos os seus desígnios, o problema não estava em nada do que Ele havia feiro, mas no meu pecado. Eu não estava sabendo viver contente na situação que havia me colocado. Eu queria estar contente apenas quando me casasse e fosse pra a minha casa e não agora vivendo com minha família. Meu noivo costuma dizer algo interessante:
Adão foi tentado no Éden. Lá, as condições eram totalmente favoráveis aos acertos dele, era um lugar de delícias. Ainda assim, ele pecou. Em contrapartida, Jesus foi tentado no deserto, lugar difícil, seco, quente onde nada parecia estar à favor dele e lá ele não pecou. Isso nos leva a concluir que o problema dos nossos pecados nunca está nos outros, nunca está no ambiente que estamos, está em nós. E mais: à semelhança de Cristo nós devemos obediência a Deus independente de. Ser parecido com Cristo é o objetivo de vida do crente e nisto consiste o processo de santificação.
CONTENTE-SE!
Contentar-se é se sentir satisfeito, alegre e prazeroso. O Senhor quer e nos ordenou que sejamos contentes.
“De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” (1 Timóteo 6.6-8)
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hebreus 13.5-6)
Pessoas descontentes são infelizes, amargas, murmuradoras, chatas. Pra elas, nada está bem. Elas reclamam e sempre acham um motivo pra reclamar de si, e como se não bastasse, dos outros também. Tudo as incomoda! Muitas vezes colocam sua esperança em coisas que, possivelmente, lhes trariam alegria e o resultado é frustração, ansiedade e mais tristeza. Algumas chegam à depressão. Eu havia posto minha esperança no casamento, alguns outros põem no dinheiro, num diploma/certificado e em coisas, mas com os filhos de Deus não deve ser assim.
“Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus.” (Salmos 20.7)
“Alegrei-me, sobremaneira, no Senhor porque, agora, uma vez mais, renovastes a meu favor o vosso cuidado; o qual também já tínheis antes, mas vos faltava oportunidade. Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.
Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” (Filipenses 4.10-13)
Nosso Deus tem nos ensinado que mais que as coisas que Ele pode nos dar ou fazer por nós, Ele deus a si mesmo a nós e isso nos basta. Veja os testemunhos do Apóstolo e do Salmista:
“E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.” (2 Coríntios 12.7-9)
“Porque a tua graça é melhor do que a vida; os meus lábios te louvam.” (Salmos 63.3)
Nosso Deus é infinitamente melhor que as coisas que faz com o seu poder. Sabemos que devemos louvá-lo pelas coisas que ele faz. Sabemos também que o Senhor revela a nós seu poder e seus atributos na criação. Sabemos ainda mais que desde o início de todas as coisas, Deus está mostrando a sua bondade para com a humanidade. Então, ainda que Ele não atenda os nossos pedidos, Ele é suficiente e abundante para nós. Ele é uma fonte de alegria e prazer que nunca cessa! “Quanto mais bebemos dele, mais haverá o que beber porque nosso Deus é infinito e inesgotável”. (Aurivan Marinho)
UM POVO MURMURADOR: O DESGOSTO DE DEUS
O povo de Israel não entendeu essas coisas e grande foi o preço pago pelas suas murmurações:
“Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos. Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu descanso.” (Salmos 95.10-11)
Eles estiveram no Egito, sofrendo como escravos e clamando a Deus por libertação. Deus os ouviu e providenciou a saída deles de forma espetacular. Todo o Egito e povos da redondeza viram os feitos do Senhor por eles e temeram, mas bastou pouco para que eles começassem as murmurações e queixas contra o Senhor:
“Disseram a Moisés: Será, por não haver sepulcros no Egito, que nos tiraste de lá, para que morramos neste deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos sair do Egito? Não é isso o que te dissemos no Egito: deixa-nos, para que sirvamos os egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no deserto.” (Êxodo 14.11-12)
Reclamaram de tudo o que era possível:
- Por causa de água duas vezes; (Êxodo 15.24 e Êxodo 17.2-3)
- Por causa de comiga; (Êxodo 16.2-3)
- Por causa de carne; (Êxodo 16.11-12)
- Até por causa da demora de Deus pra ditar suas leis. (Êxodo 32.1)
Eu os imagino, enquanto Moisés estava no monte:
“Que demora, Arão! Pra quê tantos detalhes? Estamos cansados de esperar. Senhor, se apresse!” Mas, quanto mais eles murmuravam, mais o cálice da ira de Deus se enchia. Eles achavam que estavam murmurando contra Moisés, mas ofensa era diretamente contra o Deus Todo Poderoso.
“Prosseguiu Moisés: Será isso quando o SENHOR, à tarde, vos der carne para comer e, pela manhã, pão que vos farte, porquanto o SENHOR ouviu as vossas murmurações, com que vos queixais contra ele; pois quem somos nós? As vossas murmurações não são contra nós, e sim contra o SENHOR. Disse Moisés a Arão: Dize a toda a congregação dos filhos de Israel: Chegai-vos à presença do SENHOR, pois ouviu as vossas murmurações.” (Êxodo 16.8-9)
Horrível, não é? Mas nós não somos melhores que eles em nada! Muitas vezes também pagamos caro pelas nossas murmurações. Pedimos ao Senhor que nos dê um emprego e quando recebemos, reclamamos do cansaço. Pedimos por uma vaga na universidade e diante das perseguições lá dentro, só fazemos reclamar. Pedimos um marido/esposa e somos tomados de insatisfação quando vemos os defeitos e pecados dele(a). Ainda bem que:
“[O Senhor] Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades.” (Salmos 103.10)
Ele, com certeza, tem nops dado mais do que merecemos e tudo o que precisamos. Não tem nos dado menos em nada! Até o que conduz à vida e à piedade ele tem nos dado. Está mais que na hora de focarmos no que recebemos de graça ao invés de lamentarmos pelo que achamos que Deus deveria nos dar.
“Que darei ao SENHOR por todos os seus benefícios para comigo?” (Salmos 116.12)
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Filipenses 4.4)
ORAÇÃO: Senhor, perdoa a minha ingratidão diante das bênçãos que me tens dado. Perdoa-me por usar a língua que me destes contra Ti. Me dá um coração alegre e contente. Obrigado(a) pela correção que é própria dos teus filhos e me faz mais parecido com Cristo. É confiando nele que me achego a Ti e recebo o perdão, amém.
PARA REFLETIR: Hebreus 3.1-19
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Texto escrito para a página Filhas da Graça.
Parte 1 e Parte 2
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