OLHOS DE INCREDULIDADE: Refletindo em Números 13 e 14



Tenho me surpreendido com a leitura do livro de Números. Há quem não se empolgue muito, mas tenho colhido de cada capítulo preciosas lições que só tem enriquecido minhas orações ao Senhor. Por isso, escreverei um pouco sobre o que Deus tem me ensinado.

DEUS MANDOU ESPIAR A TERRA

Os israelitas haviam sido libertos do Egito pelas mãos poderosas do Senhor. Ele os havia tirado de lá com um motivo muito especial:

"Eu sou o Senhor, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos ser por Deus. Eu sou o Senhor, vosso Deus". (Números 15.41)

Deus os havia prometido habitar uma terra maravilhosa. Terra boa, ampla, que mana leite e mel (Êxodo 3.8). Estavam há um passo dela, acampados no deserto de Parã, quando o Senhor manda que Moisés envie espias para vigiar a terra. Não eram simples homens, era um príncipe de cada tribo. Homens que possuíam uma autoridade, que eram cabeças do povo. A sua missão era conhecer a terra e colher o máximo de dados possível para que fosse traçado um plano de guerra para a tomada da terra e eles o fizeram por 40 dias. Uma das recomendações de Moisés foi: "Tende ânimo e trazei do fruto da terra". (13.20)

A INCREDULIDADE DO POVO

Os espias voltaram de Canaã e deram o relatório a Moisés e Arão. Vejamos como foi esse diálogo:

"Relataram a Moisés e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel; este é o fruto dela.
O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos ali os filhos de Anaque.
Os amalequitas habitam na terra do Neguebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitam na montanha; os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão.
Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela.
Porém os homens que com ele tinham subido disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós.
E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura.
Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos." (13.27-33)

Esses homens conheciam a promessa de Deus a seus pais. Eles haviam visto os feitos do Senhor no Egito; as pragas, o livramento do Senhor, o mar vermelho, o exército de Faraó ser destruído...
Viram água brotar da rocha, o maná cair do céu, coluna de fogo à noite, nuvem de dia e quando, finalmente, estavam à vista da grande promessa, olham com incredulidade para ela. 

Como se não bastasse a falta de fé deles, ainda tentaram sufocar a fé de Josué e Calebe e infamaram o povo com igual incredulidade. Levaram o povo a murmurar e a tentar voltar pra o Egito (14.2-4). Isso mesmo! Os mesmos que haviam clamado para que Deus os tirasse de lá (Êxodo 3.9), agora, estavam querendo levantar um novo capitão considerando a possibilidade de voltar. Quão terrível é a falta de fé!

A FÉ DE JOSUÉ E CALEBE E O CASTIGO DE DEUS

Josué e Calebe tentaram mais uma vez encorajar o povo.

"E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, dentre os que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes e falaram a toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muitíssimo boa.
Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel.
Tão somente não sejais rebeldes contra o Senhor e não temais o povo dessa terra, porquanto, como pão, os podemos devorar; retirou-se deles o seu amparo; o Senhor é conosco; não os temais." (Números 14.6-9)

Eles estavam entre os doze espiões, mas o que diferenciavam os dois do restante era a visão de fé que tinham. Eles sabiam que a terra era habitada por descendentes de gigantes e sabiam que a cidade era fortificada, mas ao invés de se aterem aos obstáculos e listarem as dificuldades que enfrentariam, eles fitaram os olhos na promessa do Senhor.
Alguns podiam dizer: "Vocês estão sendo ingênuos, não acham?", "É muita irresponsabilidade da parte de vocês! Não veem o perigo?", "Não sejam irracionais!". Mas eles só estavam crendo! A promessa não era de Moisés, Noé ou Melquisedeque, mas do próprio Deus! O Deus que não mente e que até alí havia cumprido tudo o que dissera. Além do mais, eles não estavam contando com seus próprios méritos, forças ou capacidades, mas eles estavam confiando na Graça de Deus: 

"Se o Senhor se agradar de nós, então, nos fará entrar nessa terra e no-la dará, terra que mana leite e mel". (14.8)

O Senhor teve a incredulidade dos espias como uma provocação (14.11). Em primeira instância, Deus pensou em destruir todo o povo e constituir uma nova geração a partir de Moisés (14.12), mas ele intercedeu pelo povo (14.13-19) e o Senhor, misericordioso que é, mitigou o castigo e deserdou toda aquela geração (14.20-28) que ainda tentou, mesmo contra a ordem do Senhor conquistar a terra por conta própria e foram destruídos, claro! (14.39-45)

MOISÉS PREFIGURA CRISTO

Sabemos que até a vinda de Jesus encarnado, os profetas do AT tipificavam o Cristo prometido e Moisés foi um desses. Assim como Moisés intercedeu pelos hebreus, Cristo intercede por nós, mas de forma mais excelente. (Romanos 8.35 / Hebreus 7.25 / Êxodo 20.18-21)
Nós éramos aquele povo, nós não somos melhores que eles em nada. Nós murmuramos e provocamos o Senhor constantemente com a nossa incredulidade. Tantas vezes deixamos de listar as promessas e bençãos que o Senhor tem nos dado pra listar as dificuldades que enfrentamos. Ai de nós se não fosse a intercessão de Cristo.
Do mesmo modo que Deus livrou o povo de ser destruído por causa de Moisés, por meio de Cristo fomos poupados da ira de Deus que estava sobre nós por causa dos nossos muitos pecados.

Que possamos nos arrepender e orar como o pai do menino possesso: "E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!" (Marcos 9.24) Ou como o Salmista: "Por causa do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniquidade, que é grande." (Salmo 25.11)
Que o Senhor nos ajude, retire de nós os olhos de incredulidade e ponha em nós uma visão crente do mundo, confiante no Senhor que é bom eternamente.

Comentários

  1. Ótima reflexão! Que o nosso soberano Deus continue te capacitando, e permitindo que você consiga extrair maravilhosas lições, contidas neste livro santo. Um grande abraço!

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