GRÁVIDAS: Passando pelos enjoos olhando para as promessas | Série: A Noiva
Nós, cristãos, somos o povo da promessa "visto que andamos por fé e não pelo que vemos" (2 Coríntios 5.7). Acordamos todos os dias confiando na promessa de que as misericórdias se renovam (Lamentações 3.22-23); saímos para trabalhar confiantes na promessa da provisão (Mateus 6.25-34); confessamos os nosso pecados confiantes na promessa do perdão (1 João 1.9); fazemos nossas orações confiantes na promessa de que Ele nos ouve (1 João 5.14); pregamos a Sua palavra confiante na promessa de que ela não volta vazia (Isaías 55.10-11); deitamos para dormir confiantes na promessa do cuidado (Salmo 4.8); vivemos a nossa vida terrena confiantes na promessa da vida eterna (1 João 2.25) e assim é toda a nossa vida. Temos um Deus de palavra que não pode negar a si mesmo e assim também é sobre o gerar filhos.
"Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta." (Salmo 127.3-5)
"Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos, para com os que guardam a sua aliança e para com os que se lembram dos seus preceitos e os cumprem." (Salmo 103.17-18)
"Aleluia! Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR e se compraz nos seus mandamentos. A sua descendência será poderosa na terra; será abençoada a geração dos justos. Na sua casa há prosperidade e riqueza, e a sua justiça permanece para sempre." (Samo 112.1-3)
"Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem. Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera; teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa. Eis como será abençoado o homem que teme ao SENHOR!" (Salmo 128.1-4)
Essas são algumas das promessas que o Senhor faz aos seus filhos referentes à sua posteridade. É encorajador a qualquer cristão que confia no seu Deus ler os versos acima. E como reagimos? Recebemos com alegria os filhos que o Senhor deseja nos dar, confiantes que Ele cumprirá tudo o que prometeu.
COMO ESTÁ SENDO PRA MIM?
Casamos e, Deus em sua infinita bondade, nos deu o primeiro filho na lua-de-mel. Uma alegria pra nós! Como optamos por não fazer uso de métodos contraceptivos desnecessariamente, eu estava acompanhando o meu ciclo e no primeiro atraso menstrual, deduzi que estava grávida. Fizemos o teste e o resultado foi positivo. No primeiro mês, nada de enjoos. Estava bem feliz achando que eu seria uma daquelas mães sortudas que não passa pela êmese gravídica. Que maravilha seria essa gestação, hein! Até que chegou o segundo mês e com ele os enjoos gestacionais. Cheguei a vomitar 10x por dia e, embora a minha situação não fosse das piores, a êmese gravídica não é algo muito agradável.
As idas às aulas na faculdade se tornaram menos frequentes, o trajeto que fazíamos de moto era interrompido várias vezes pra que eu vomitasse. Como se não bastasse, desenvolvi incontinência urinária por esforço e todas as vezes que vomitava, como meu abdômen se contraía para expelir o que estava no estômago, isso "apertava" minha bexiga e eu fazia xixi na roupa. Meu esposo teve que ir me buscar na faculdade algumas vezes durante seu horário de trabalho pra me deixar em casa. Era super constrangedor! Basta lembrar, por exemplo, que em nossos banheiros há apenas um vaso sanitário. Quando eu chegava, precisava optar por vomitar nele ou fazer xixi porque os dois ao mesmo tempo era impossível. Agora, imaginem isso nos banheiros públicos! Meu marido, que estava muito convicto do nosso desejo de termos muitos filhos, chegava a me perguntar se eu queria mesmo engravidar novamente e eu, vomitando, respondia com fé que sim. Não o julgo e nem o acuso de incredulidade, ele realmente estava preocupado com meu estado de saúde e, talvez, até buscando com essas perguntas uma oportunidade de nos encorajarmos mutuamente.
Não é à toa que muitas mulheres desistem de ter outro filho por causa da experiência terrível com os enjoos gestacionais. Muitas enjoam até o último mês de gestação e outras desenvolvem uma síndrome rara chamada hiperêmese gravídica onde elas chegam a vomitar 25x por dia e precisam ser internadas por desnutrição e desidratação.
COMO LIDAR COM ISSO?
Tenho aprendido que a nossa vida deve ser vista através da nossa cosmovisão cristã, e que ela não é algo apenas teórico, mas se aplica de forma satisfatória a tudo com o que vamos lidar. Com os enjoos não será diferente; vamos observá-lo a partir da estrutura da cosmovisão que eu vou separar em três elementos: criação, queda e redenção.
1. CRIAÇÃO
Deus criou a maternidade. Ele estabeleceu que essa seria uma forma de a humanidade se multiplicar e deu ordens a Adão e Eva para que fossem fecundos, gerassem filhos e podemos ver isso no relato da criação (Gênesis 1.28). A maternidade, diferente do que prega o mundo, não é algo irrelevante, opcional ou que não é inerente às mulheres. Deus criou o nosso corpo para receber um bebê e as mulheres devem se alegrar nisso. O movimento de empoderamento feminino dos nossos dias tem se preocupado em desmerecer as mães atribuindo ao seu trabalho pouco valor, como se ser uma mãe fosse a única tarefa que restasse a mulheres que não tem diplomas e inteligência. Com Deus não foi assim, ele deu um “poder” às mães não compreendido pelo mundo caído.
“Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador.” (Salmo 8.2)
Como diz a Raquel Jankovic: “A maternidade é central para o chamado das mulheres porque é central para o poder criacional que Deus nos concedeu. Esta é a nossa força, esta é a nossa glória e este é o nosso verdadeiro poder. Nós fazemos bebês e bebês mudam o mundo.”
2. QUEDA
Com a entrada do pecado no mundo, vemos que a fadiga e a frustração se agarram à gestação. A humanidade, que naturalmente deveria se alegrar com a chegada de mais um ser e louvar ao Deus da criação pelas suas obras, agora olha torto para as mulheres grávidas desprezando-as. Nosso corpo, onde o necessário foi providenciado por Deus para a manutenção da vida, agora é um corpo de morte que, se não for a mão do Senhor, começará a nos gerar problemas devido a esse “corpo estranho” que está dentro de nós. Nós mesmas, que deveríamos exultar em louvor a Deus pela fertilidade do nosso ventre, agora murmuramos contra o Senhor e nos queixamos da nossa sorte. Tudo parece se opor à missão que o Senhor nos deu. Mas, com certeza, Deus não é responsável pelo nosso sofrimento, eles são apenas consequências dos nossos muitos pecados contra o Senhor.
“Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”. (Eclesiastes 7.29)
“Por que se queixaria o homem vivente, o varão por causa do castigo dos seus pecados?” (Lamentações 3.39)
3. REDENÇÃO
Ainda assim, apesar dos nossos pecados, o Salmo 103 nos dá uma rica esperança das misericórdias do Senhor que abundam o nosso pecado:
“O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó”. (Salmo 103.8-14)
Deus não tem desamparado a nós, mamães. Como diz o meu marido, ele mitiga a maldição e nos faz desfrutar das bênçãos que são destinadas aos filhos. Lembre que a maior luta que as mães enfrentam agora é contra o príncipe desse mundo, contra o pecado e não contra Deus e seu filho. Como diz a Gloria Furman, “a armadura de Deus serve em uma grávida”. Essa fase dos enjoos não é prazerosa, eu sei, mas ainda assim é possível estar contente no Senhor e louvá-lo nisso. O Senhor não é digno de ser louvado nas ocasiões convenientes, mas em todo o tempo e isso inclui os períodos em que estamos com o rosto no vaso sanitário. Lembre que “não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar”. (1 Coríntios 10.13)
Assim como tudo nesta terra, seus enjoos vão passar. Mesmo que eles durem 9 meses, mas ainda não se compara à eternidade. Quando lhe faltar alegria, lembre que o Senhor é a fonte dela. Exercite-se relembrando as promessas do Senhor quando à murmuração estiver às portas e esteja alimentada com a Palavra de Deus para que saiba responder às investidas de satanás. Lembre que toda a dor e sofrimento será substituída pela alegria que o Senhor preparou para nós e essa é a maior promessa.
“A mulher, quando está para dar à luz, tem tristeza, porque a sua hora é chegada; mas, depois de nascido o menino, já não se lembra da aflição, pelo prazer que tem de ter nascido ao mundo um homem. Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.” (João 16.21-22).
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Texto escrito originalmente para a página @filhasdagracabr no instagram. Conheça o instagram da autora @samicxavier.
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