A LEI DO CIÚME EM NÚMEROS 5
Você já imaginou o que aconteceria com uma mulher do antigo testamento caso o seu marido desconfiasse de uma traição e estivesse tomado de ciúmes? Provérbios 6.34-35 descreve o marido ciumento: “pois o ciúme desperta a fúria do marido, que não terá misericórdia quando se vingar. Não aceitará nenhuma compensação; os melhores presentes não o acalmarão.” (NVI)
O que seria de uma mulher nas mãos de um homem nesse estado, sendo levada a julgamento por uma corte composta por homens? As chances de haver injustiça e de ela ser condenada por adultério (a pena era a morte por apedrejamento) injustamente eram muitas, mas Deus providenciou para as mulheres uma proteção em Números 5 que nos mostra mais uma vez que Deus é o primeiro preocupado com as mulheres e que a sua Palavra ainda é a nossa fonte maior de segurança. Ela não provém do movimento feminista ou de ninguém mais que não seja o Senhor.
Dito isto, vamos ler o texto e entendê-lo:
Então o Senhor disse a Moisés:Essa lei foi dada como um desencorajamento à infidelidade conjugal por parte da mulher (Levítico 20.10). Esse é o efeito que penas graves tem sob delinquentes. Quanto mais leve a punição, menos temor será gerado no transgressor!
"Diga o seguinte aos israelitas: Se a mulher de alguém se desviar e lhe for infiel,
e outro homem deitar-se com ela, e isso estiver oculto de seu marido, e a impureza dela não for descoberta, por não haver testemunha contra ela nem tiver ela sido pega no ato;
e se o marido dela tiver ciúmes e suspeitar de sua mulher, esteja ela pura ou impura,
ele a levará ao sacerdote, com uma oferta de um jarro de farinha de cevada em favor dela. Não derramará azeite nem porá incenso sobre a farinha, porque é uma oferta de cereal pelo ciúme, para que se revele a verdade sobre o pecado.
O sacerdote trará a mulher e a colocará perante o Senhor. Então apanhará um pouco de água sagrada num jarro de barro e colocará na água um pouco do pó do chão do tabernáculo. Depois de colocar a mulher perante o Senhor, o sacerdote soltará o cabelo dela e porá nas mãos dela a oferta memorial, a oferta pelo ciúme, enquanto ele mesmo terá em sua mão a água amarga que traz maldição.
Então o sacerdote fará a mulher jurar e lhe dirá: Se nenhum outro homem se deitou com você e se você não foi infiel nem se tornou impura enquanto casada, que esta água amarga que traz maldição não lhe faça mal. Mas, se você foi infiel enquanto casada e se contaminou por ter se deitado com um homem que não é seu marido — então o sacerdote fará a mulher pronunciar este juramento com maldição — que o Senhor faça de você objeto de maldição e de desprezo no meio do povo fazendo que a sua barriga inche e que você jamais tenha filhos.
Que esta água que traz maldição entre em seu corpo, inche a sua barriga e a impeça de ter filhos. Então a mulher dirá: ‘Amém. Assim seja’.O sacerdote escreverá essas maldições num documento e depois as lavará na água amarga. Ele a fará beber a água amarga que traz maldição, e essa água entrará nela, causando-lhe amargo sofrimento.
O sacerdote apanhará das mãos dela a oferta de cereal pelo ciúme, a moverá ritualmente perante o Senhor e a trará ao altar. Então apanhará um punhado da oferta de cereal como oferta memorial e a queimará sobre o altar; depois disso fará a mulher beber a água. Se ela houver se contaminado, sendo infiel ao seu marido, quando o sacerdote fizer que ela beba a água que traz maldição, essa água entrará nela e causará um amargo sofrimento; sua barriga inchará e ela, incapaz de ter filhos, se tornará objeto de maldição entre o seu povo. Se, porém, a mulher não houver se contaminado, mas estiver pura, não sofrerá punição e será capaz de ter filhos.
Esse é, pois, o ritual quanto ao ciúme, quando uma mulher for infiel e se contaminar enquanto casada,ou quando o ciúme se apoderar de um homem porque suspeita de sua mulher. O sacerdote a colocará perante o Senhor e a fará passar por todo esse ritual.
Se a suspeita não se confirmar, o marido estará inocente, do contrário a mulher sofrerá as conseqüências da sua iniqüidade".
(Números 5.11-31)
Não só isso, mas foi dada também para proteção da mulher de um julgamento precipitado e injusto. Eram necessárias duas ou três testemunhas para comprovar a culpa, mas quando não haviam provas, essa lei deveria ser aplicada.Provavelmente as mulheres da época eram mais suscetíveis a esses julgamentos, visto que não existe uma lei similar para os homens. Isso nos comunica que Deus está sim preocupado com as mulheres desee os tempos antigos. Se a sociedade do AT alguma vez oprimiu, violentou ou injustiçou as mulheres, Deus nunca foi conivente com tais atitudes. Vemos isso nas leis de proteção à mulher, nas penalidades severas e na forma como Jesus tratou-as.
O ciúme do marido podia até ser legítimo e sua esposa poderia mesmo estar adulterando, mas Deus visa proteger as famílias de um ciúme infundado que não procede do amor e de um divórcio infundado.
ENTÃO, COMO DEVERIA AGIR UM MARIDO DESCONFIADO?
1. O marido levará a mulher ao sacerdote com uma oferta de farinha de cevada. Ele não tinha autorização para fazer justiça com as próprias mãos, visto que era falho. Deus, em sua muitíssima sabedoria, se põe como justo juiz afim de que não se cometa injustiça no meio do seu povo. O marido também levará uma oferta porque ninguém podia chegar diante do Senhor de mãos vazias. a farinha que ele levaria consigo uma farinha mais barata, um alimento usado pelos pobres. Eles não podiam usar a flor de farinha comum nas outras ofertas porque era um apelo solene angustiante para um possível pecado da sua esposa. O Senhor pede pra que eles não coloquem azeite, porque era um elemento de alegria e esta era uma situação infeliz, e nem incenso, para que indique uma grosseria do ato pecaminoso
2. O sacerdote a colocará diante do Senhor, pegará a água santa, soltará os seus cabelos e lhe porá as mãos. A arca representava a presença do Senhor no meio do povo. A mulher seria posta diante da arca como uma forma de sinalizar que o Senhor estaria colhendo o seu juramento. Ela não estaria falando ao sacerdote ou ao marido, mas ao Senhor diretamente. Após isso, ele pegará a água de um vaso de barro (que seria quebrado ao final) e porá o pó do chão na água sinalizando a miséria. Depois descobrirá os seus cabelos a fim de indicar que ela não estava mais protegida pelo marido, colocará nas suas mãos a oferta e lhe porá as mãos! Todos os elementos contidos na terrível solenidade foram escolhidos a fim de trazer excitação e pavor aos envolvidos.
3. O sacerdote a fará pronunciar o julgamento acompanhado da maldição e lhe dará de beber as águas amargas. Quando o texto diz que "o Senhor te porá por maldição", ele está querendo dizer que, caso ela seja culpada, ela será objeto de imprecação para a comunidade. As pessoas dirão nas orações aos ofensores: "Que o Senhor te faça como aquela mulher...". Ao fim do pronunciamento ela dirá "amém, amém" assentindo que Deus fará com ela conforme o seu juramento. A melhor expressão para a água é "águas de amargura". Não quer dizer necessariamente que a água tinha gosto amargo, mas que lhe traria resultados amargos.
A maldição evocada para si consistia que ela fosse objeto de vergonha no meio do povo se tornando estéril, e se estivesse grávida, sofreria um aborto. No Oriente Médio, uma mulher impossibilitada de ter filhos, sofre uma perca pessoal de um valor altíssimo. Vemos o profundo desejo das mulheres de conceber e do sofrimento das estéreis na Escritura. Era um castigo muito severo para a mulher. Todos saberiam que a causa da sua infertilidade foi o adultério e ela ainda será lembrada como objeto de maldição.
4. O sacerdote escreverá a maldição num documento e depois apagará. Caso ela fosse inocente, a ingestão do líquido era inofensiva, a maldição seria facilmente apagada com água e ela seguiria a sua vida sendo fértil. Mas, se fosse culpada, Deus se encarregaria de puní-la.
Podemos ver que Deus desde o AT evoca para si o título de justo juiz. Ele conhece a corrupção do coração do homem e não deixou a seu encargo a vingança: "Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: 'Minha é a vingança; eu retribuirei', diz o Senhor." (Romanos 12.19) O princípio se aplica ainda hoje: se um marido está com um espírito de ciúmes e desconfia da fidelidade da sua esposa, deve tratar o caso segundo Deus. Ele não nos desamparou na Nova Aliança, mas nos deixou uma porção maior de Graça que nos auxiliará na nossa peregrinação por esse mundo.
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Referências:
apologeta.com
reavivadosporsuapalavra.org
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